O filósofo chinês Laozi 老子 (ou Lao Tsé) foi identificado como o escritor de um dos livros mais importantes para o Taoísmo, o Dao De Jing 道德经, que quer dizer “O Livro do Caminho e da Virtude”.
Tao 道, como exploramos neste artigo do mês passado, significa "Caminho" e "Sabedoria". Encontrar esse Caminho e aplicá-lo é viver a vida de forma natural, sem desgastar o espírito.
Na época em que foi escrito, a sociedade chinesa estava imergindo em um período caótico de disputas políticas e guerras intermináveis. E o Taoísmo nasce em tons místicos justamente para dar voz a um tipo de cultura paralela: a cultura da não-ação 无为 (wu wei).
A não-ação implica em espontaneidade, não interferência e o compromisso de deixar que as coisas sigam cursos naturais. “Não faça nada e tudo será feito” era o que os filósofos taoístas pregavam frente ao caos. A melhor atitude quando a irracionalidade da disputa e da busca pelo poder opera a todo o vapor, é a não-ação, ou o não-esforço de tentar provar o contrário.
Parece simplista, mas não é. Requer disciplina, auto controle e desapego. Laozi dizia que se governantes tomassem sobre si atitudes e ações políticas baseadas na menor interferência do curso natural das coisas, o povo sofreria menos. Em um mundo onde poucas famílias disputavam os territórios e mobilizavam grandes exércitos pelo amor ao próprio poder, essa mensagem pregava a harmonia e o apaziguamento necessários para que o menor dano fosse feito.
Em uma leitura cosmológica, isso sugere uma compreensão da natureza como governada pela operação de energias em um sistema Yin-Yang 阴阳 ideal caracterizado pela harmonia e fecundidade.
Os seres humanos são, por sua vez, nascidos do céu e da terra e, portanto, são “modelados” a partir deles, seja em termos de sua constituição ou no sentido de que são governados também pelos mesmos princípios básicos. Geralmente trazendo muito a ideia de “naturalidade” e "espontaneidade", o Taoísmo sugere não apenas que o poder do Tao encontra expressão na natureza, mas também no nível prático um modo de ser e um modo de ação de acordo com a natureza, seguindo o caminho da naturalidade.
Uma versão feita pelo filósofo e professor taoísta Chiu Yi Chih está disponível em português-mandarim e contempla todo o misticismo encantador da filosofia taoísta com seus conceitos práticos para a vida cotidiana.
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A leitura pode ser desafiadora, pois convida quem está lendo a mergulhar na contracultura do não-confronto. Mas, como todo livro místico, também traz ao leitor a renovação da mente necessária para passar por tempos turbulentos sem que suas bases espirituais sejam estremecidas pelos ventos do caos social.