Chinatown em Manhattan abriga cerca de 150 mil habitantes entre chineses e descendentes de chineses sino-americanos. A grande maioria imigrada do Cantão e de Hong Kong em algum momento da grande diáspora do século XX.
Vovó Wong é mais uma personagem dessa Chinatown de muitas Chinas em um só bairro. Do cantonês, mandarim e inglês falado misturado entre diferentes gerações. Das ruas vibrantes do comércio e de ambulantes, dos restaurantes exibindo os patos na vitrine e das praças aonde há jogos de Mahjong acontecendo.
Vovó Wong fuma um cigarro atrás do outro, mas vai ao clube fazer hidroginástica e pratica Tai Chi. Ela é forte e durona, a primeira vista até amarga, mas seu estado de ligeiro mal humor esconde doçura e até pequena ingenuidade.
Numa visita a uma cartomante, ela descobre que algo de muito bom lhe acontecerá, e assim embarca numa investida ao cassino para capitalizar em seu bom augúrio. Porém, a sorte no jogo vem acompanhada de um grande enrosco com uma gangue de mafiosos locais, e a vovó Wong se vê em apuros tendo que fugir de uma série de marginais.
Lucky Grandma é uma produção indie sino-americana de um gênero de pouca relevância no cinema Chinês, a comédia tragicômica. Despretensioso, talvez o maior êxito da diretora Sasie Sealey seja o de não se levar tão a sério, explorando diversos elementos da cultura chinesa - alguns pitorescos e outros nem tanto - e seu legado inter-fronteiras de maneira leve, porém nunca debochada.
Divertido e com uma direção consistente (e impressionante para um primeiro longa de carreira), percebe-se aqui uma cineasta digna de se acompanhar em futuros trabalhos.