Muitas são as histórias contadas nos livros históricos sobre grandes dinastias, seus imperadores e as guerras travadas para preservar seu reinado.
Na China antiga, para ter um longo reinado, o Imperador precisava preservar para si a lealdade de todos os estados vassalos que compunham o império. E o que eram esses estados? O imperador, teoricamente dono de todas as terras, distribuía para monarcas partes do próprio território enquanto firmava alianças políticas com os governadores desses locais. Assim ele mantinha sua autoridade e poder políticos.
Enquanto todos os governadores dos estados continuavam leais ao Império, tudo corria bem. Por isso, o desafio de cada Império antigo era controlar todos os líderes políticos que tinham direito à terras.
Durante a Dinastia Zhou (1046 - 256 a.C.), vários estados eram muito famosos, como o Estado de Qin, o Estado de Wei, Chu, Lu, etc., e a fama desses lugares permanece até hoje porque cada um desses estados e seus líderes entraram tanto para os livros oficiais do império quanto escritos informais.
A riqueza de detalhes sobre a vida dos monarcas antigos é impressionante, mas nem todos eles foram documentados. Isso é o que os chineses descobriram recentemente ao encontrar um túmulo até então desconhecido de um poderoso rei e governador de estado que nunca antes havia tido seu nome citado nos livros de história…
Em 1978, arqueólogos se depararam com um dos sítios de escavações mais importantes encontrados do último século: o túmulo de um Duque chamado Zeng Houyi 曾侯乙, Duque Yi do estado de Zeng, que viveu durante o quinto século da era antiga. Esse túmulo jogou uma luz interessante sobre esse estado desconhecido justamente por causa de um hábito cultural da época.
Na China antiga, quando o Imperador ou Duque ou qualquer outro monarca falecia, junto com ele era enterrado vários de seus pertences pessoais. No caso do Duque Yi de Zeng (Zeng Houyi), desceram ao túmulo com ele aproximadamente 15,000 artefatos antigos tanto de bronze como de madeira. Na maioria deles pode ser lida a inscrição “曾侯乙作持用终”, que quer dizer “feito para Zou Hengyi e eternamente usado por ele”.
Esses artefatos incluem vasilhas de bronze usadas para banquetes e sacrifícios, armas de guerra, carrinhos de mão, enfeites de jade, caixões e o mais interessante de todos: uma coleção inteira de instrumentos musicais. Ao que tudo indica, Zeng Houyi era um amante de música.
Os mistérios sobre reinos dinásticos antigos são muitos. Quem era o povo de Zeng? Do que viviam? Quais seriam seus traços culturais mais marcantes? Muitas dessas respostas talvez nunca teremos, mas podemos vislumbrar um pouco da arte em bronze que eles eram capazes de fazer.
No museu da província de Hubei se encontram os itens em exposição permanente. Os artefatos de bronze encontrados são tão detalhados que fica difícil acreditar que foram feitos no 5.º século a.C.
Marcando o cenário musical da época, uma coleção de 65 sinos grandes e pequenos foram encontrados no túmulo de Zeng Houyi pendurados em duas colunas de tábuas de mais de 7 metros de comprimento e mais de 2 metros de altura.
Ainda hoje é capaz de sabermos os tons dos sinos e reproduzir como seria, provavelmente, apresentações de música.
Sinos não foram os únicos instrumentos musicais que Zou Hengyi levou consigo à eternidade. Flautas, instrumentos de corda e tambores também foram encontrados no local. Culturalmente, o povo de Zeng era referência musical na época. Nos vídeos abaixo você pode ver uma apresentação com réplicas de todos os instrumentos encontrados no túmulo do Doque Yi de Zeng.
