Então provavelmente já ouviu falar do escritor Liu Cixin, ou simplesmente, "Da Liu" (grande Liu), como é conhecido na China. Considerado um dos mais bem-sucedidos escritores chineses da atualidade, e também um dos responsáveis pela explosão do gênero literário no país, seus livros foram traduzidos para 20 idiomas e já venderam mais de 8 milhões de cópias.
A paixão pelo tema nasceu dos livros que ganhou ainda criança de autores como Arthur C. Clarke e H.G. Wells. Mas foi aos 6 anos de idade que seu fascínio pelo universo alcançou proporções cósmicas, quando em 1970 a China lançou seu primeiro satélite espacial.
Liu, que é engenheiro da computação de formação, iniciou sua carreira profissional trabalhando na usina elétrica de Niangziguan na província de Shanxi, ao norte. De natureza inquisitiva e curiosa, quando jovem ele sempre demonstrara elevada capacidade criativa aliada à certa ousadia. Numa ocasião, Liu criou um algoritmo que imputava frases aleatórias de maneira estruturada na tentativa de construir uma série de poemas. A idéia: enviá-los a uma revista para futura publicação.
Imaginação é qualidade comum a todo escritor, ainda mais do gênero, mas o que diferencia o trabalho de Liu da maioria é a gigantesca escala em que suas narrativas transcorrem. Sua obra mais aclamada, "O Problema dos Três Corpos", é dividida em três tomos. A história inicia na Revolução Cultural chinesa - evento vivido intimamente por Liu - e percorre um escopo de tempo compreendendo do antigo Egito, passando pela dinastia Qing até 18 milhões de anos adiante. Acaba de ser anunciado que o best seller será adaptado para uma série da Netflix, e que será concebido pelos mesmo time de produtores de Game of Thrones.
Freqüentemente perguntado sobre as diferenças do gênero de ficção científica quando retratado pelo oriente em comparação com o ocidente, Liu ri e explica que o propósito deste tipo de literatura é justamente aproximar o homem como uma só espécie, ao invés de delimitar diferenças. Ele aponta, ainda, que o renovado interesse no gênero se deve, em grande parte, à democratização e acesso de milhões de chineses à filosofia.