"A muralha emerge e sucumbe como um dragão gigante. Eu escalo as costas do dragão. Consigo sentir sua espinha, suas veias pulsando sobre meus pés. É tão difícil que por vezes sequer pensamentos são possíveis. Minha mente só consegue processar o próximo passo. Eu adoro o perigo da muralha. Seus altos e baixos, como os da vida real. É o perigo que te mantém acordada; te alerta. Tão cansada, tão fraca.."
Marina Abramović
"Uma jornada de mil léguas começa com o primeiro passo"
Lao Tzu
Percorrendo caminhos desconhecidos e guiados apenas por uma magnífica construção de proporções espetaculares, temos o privilégio de acompanhar este trabalho multidisciplinar incrível. A idéia: em 1988 - num híbrido de documentário, poesia, narrativa, antropologia e etnografia - os artistas Marina Abramović e Ulay, então casados, conduzem um experimento-viagem percorrendo a Muralha da China a pé, cada um em uma extremidade, até o dia em que finalmente ambos viriam a se encontrar em algum lugar no caminho.
E que lugar seria este? Em parte, o desconhecido. Sem roteiro e planejamento algum, os artistas entram em contato com as mais diversas pessoas, assimilando a beleza de seus costumes em uma vida absolutamente simbiótica com a natureza em sua tenra simplicidade.
Mas há também a realização decorrente das horas de meditação contemplativa que somente uma viagem solitária pode proporcionar. E a certeza de se estar vivenciando uma das mais transformadoras experiências para uma vida. Afinal, o budismo já ensina que, em todo momento, temos (e somos) apenas nossos pensamentos. Um profundo mergulho na experiência humana.