Boa parte da história da civilização chinesa relacionada a imperadores desenrolou-se na cidade de Xi'an 西安. Desde a primeira vez que a dinastia Zhou 周代 estabeleceu sua capital aqui no século 11 a.C., até as dinastias que se sucederam, os imperadores de 12 dinastias governaram o império Chinês desde esse lugar.
O tempo passou e a cidade foi testemunhando ascensões e quedas, sucessos e fracassos, varrendo heróis e vilões.
No centro da cidade de Xi'an, com mais de 600 anos de história, destaca-se na paisagem urbana a Torre do Sino 钟楼. Essa é a maior em termos de formato e a mais bem preservada entre as numerosas torres de sino existentes na China, sendo líder em escala arquitetônica e valor artístico em comparação com construções similares do país.
Ao longo da história, a torre foi utilizada para marcar o tempo durante as dinastias Ming e Qing, serviu como local estratégico para o exército Qing durante a Revolução de 1911 (Xinhai), foi alvo de bombardeios japoneses durante a Segunda Guerra Mundial e também funcionou como posto de alerta da cidade.
Mas mesmo diante das reviravoltas da história, a Torre do Sino permanece firme, testemunhando transformações enquanto serve de prova do poder de sua construção.
Sua construção foi em 1384, a decisão de erguê-la está relacionada à intenção do fundador da dinastia Ming, Zhu Yuanzhang 朱元璋, de mudar a capital para Chang'an (atual Xi'an). Mesmo governando o Império desde seu palácio na cidade de Nanquim, Zhu Yuanzhang considerou diversas opções, mas após a sugestão de um ministro, enviou seu filho para avaliar Chang'an. Embora a mudança da capital tenha sido abandonada, a Torre do Sino, construída com grandiosidade e influência imperial, permaneceu.
Na dinastia Ming, a Torre do Sino era responsável por tocar sinos para marcar as horas.
Diz a lenda que ela foi construída para guardar o Primeiro Sino do Mundo (天下第一钟), chamado de Sino da Nuvem Cênica, que remonta ao ano 711 durante a dinastia Tang e o nome do Imperador da época.
Esse sino, considerado um tesouro imperial, foi originalmente utilizado em um templo, mas, de acordo com uma lenda, após uma série de eventos sobrenaturais, incluindo um sonho do imperador Tang Xuanzong 唐玄宗, foi movido para o local da Torre do Sino de Xi'an.
O Sino passou por diferentes fases, desde sua construção até sua revitalização em 1997. O original deixou de tocar, mas foi substituído por um sino de ferro na dinastia Ming, que tocou até o início do século 20. Em 1997, uma réplica do sino original foi feita e começou a ressoar novamente, marcando um momento significativo na história de Xi'an.
O Sino contém uma inscrição em caracteres chineses composta por 292 palavras, divididas em 18 linhas.
Este texto foi redigido e escrito pessoalmente por um imperador, e aborda os princípios do taoísmo sobre uma boa governança. É uma obra preciosa e rara, sendo altamente valorizada pelos estudiosos da história da caligrafia.
A inscrição no Sino vai além da mera narrativa de crenças taoístas. Ao destacar a origem do universo, o imperador sutilmente incorpora elementos de governança política. Dessa forma, ele busca reforçar a conexão entre o artefato e a autoridade imperial, tornando a inscrição não apenas um testemunho artístico, mas também uma expressão de poder e legitimidade governamental da época.
"No princípio, todas as substâncias verdadeiras entre o céu e a terra eram formadas pela condensação de uma energia caótica do Taiji, incluindo o vasto e interminável espaço. A doutrina taoísta, com seus ensinamentos misteriosos e ancestrais, preconiza a adaptação às mudanças que existem entre o céu e a terra pela “não-ação”.
A instrução da Escola dos Mistérios também visa a eliminação de problemas antes mesmo de se manifestarem."